É realmente difícil precisar o porquê de uma banda tão rica e variada como o Royal Hunt jamais ter atingido o sucesso que deveria. Eles são grandes no Japão, e no próprio continente europeu, mas a sensação é sempre a de que poderiam ter sido gigantes dentro do Heavy Metal. Ainda assim, raros apontam o tecladista André Andersen como o prodígio que é, e os nomes de vocalistas magistrais como DC Cooper e John West são pouco badalados na cena.
Quando se trata de uma banda vanguardista, experimental ao extremo, até se entende a resistência do público a inovações, especialmente dentro do tacanho mundo metálico. Porém, o Royal Hunt pareceu sempre 'a banda perfeita no momento perfeito'.
Explico: o Royal Hunt sempre prezou a melodia em suas composições. Se aproximava, em muitas canções, do power metal/ melódico/ neoclássico, muito em voga na segunda metade dos anos 90 - claro, porém, com toda uma sofisticação a mais, resultando num som marcante e de muita personalidade. Até por essa aura progressiva, deveria ter chamado maior atenção, vez que não negava beber dessa fonte, se aproximando também da variedade, dos climas e da técnica próprias do Prog Metal - que igualmente atraía fãs de toda parte, com o 'boom' causado por Dream Theater, Fates Warning, Queensrÿche, Symphony X, dentre outros.
Mas o Royal Hunt não se limitou a isso. Os dinamarqueses faziam composições fortes, graças a uma inegável veia advinda do Hard Rock, mais propriamente do Rock Melódico/AOR - o que explica muito da já referida sofisticação em seu som. O resultado atingiu um ápice, com dois discos considerados clássicos, com DC Cooper nos vocais: "Moving Target" (1995) e o referencial "Paradox" (1997).
Se parasse por aí, o Royal Hunt já teria uma trajetória pra lá de vitoriosa e já poderia entrar para a história do estilo como um grupo de rock realmente único. Mas foram além!
Após desavenças internas (possíveis conflitos entre os egos de DC Cooper e da forte personalidade do líder André Andersen), ocorre a entrada do vocalista John West - a quem o blog ainda se dedicará, mas que já havia substituído Ray Gillen no Badlands, trabalhado com Yngwie Malmsteen, Cozy Powell, e começava a fazer história com a seleção prog do Artension e com uma competentíssima carreira solo.
Aí o Royal Hunt, já criativo e ousado, passou a se reinventar cada vez mais. Nesta fase, o que se viu foi uma bateria de pequenas obras primas, muito distintas entre si, pela sonoridade e proposta de cada uma, sem perder a essência única da banda, já vista acima. Eis o progressivo "Fear" (1999), que bebeu muito na fonte tanto do prog rock, art rock e prog metal; "The Mission" (2001), futurista e teatral, baseado em 'The Martian Chronicles' de Ray Bradbury; o diferente "Eyewitness" (2003), com lindo trabalho vocal; e o dinâmico e insano "Paperblood" (2005), apoteótico, um dos discos mais fortes da banda - que sempre usou muito bem os coros femininos, com destaque para a ótima Maria McTurk.
O Royal Hunt é uma banda inquieta. Com a entrada dos vocais de Mark Boals (solo, Ring Of Fire, Malmsteen), retomaram o estilo prog/neoclassico do início da carreira, culminando com o ótimo retorno de DC Cooper em "Show Me How To Live" (2011) - que, talvez por não ser tão experimental, trouxe a banda de volta aos holofotes.
A questão que fica sempre, porém, é qual será o próximo passo desta incansável banda? Quem se importa com rock feito com originalidade e maestria, sempre vai querer saber...
A melhor banda do mundo!!!
ResponderExcluirespero que eles venham ao Brasil em 2014!
Também aguardamos, Tiago! A única visita da banda ao Brasil se deu na turnê do "Paradox". O vocalista ainda era DC Cooper (lá em sua primeira passagem pela banda), mas as apresentações se restringiram a sets acústicos. John West não se apresentou por aqui, e Mark Boals veio recentemente em turnê solo, mas até onde se sabe não incluiu canções do RH. É aguardar para ver!
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