terça-feira, 28 de janeiro de 2014

SPECIAL: Thrash Metal




Já dissemos em algum momento neste blog que o Thrash Metal é um estilo basilar da música pesada. Não à toa, a cena produziu discos fundamentais do Heavy Metal. Porém, dissemos também que o estilo tende à estagnação. E passada a primeira década do século, e já próximo da metade desta segunda década, tal observação torna-se bastante comprovada. Infelizmente.


Perceba que é bastante diferente dizer que o estilo não evolui a contento (o que implica em trazer itens como originalidade e inovação para o primeiro plano), e dizer que o estilo não produz mais nada. Esta última afirmação já não seria verdadeira, em absoluto. Fato é que produziu sim, e produz... sendo que sobre isso trataremos abaixo.


Mas, a primeira das questões toca em algo muito maior. Afinal, essencialmente: o que é o Thrash hoje em dia?






Dizemos isso porque, mesmo em seu início, o Thrash Metal tinha definição enquanto movimento (exemplo: Bay Area nos EUA, ou os ícones do thrash alemão, etc.). Mas enquanto forma, já se confundia com tantos outros. Do mesmo modo que a tênue barreira entre Black e Death Metal pode ser bem sutil, com o Thrash não é diferente. Bandas tradicionais de power/speed já se confundiam com o thrash (ex: SANCTUARY, METAL CHURCH, ANGEL DUST, AGENT STEEL, até o ICED EARTH), que por sua vez poderiam se confundir com a temática do Black Metal (ex: SLAYER, banda de temas obscuros, referencial para tantos ramos do metal), e por aí vai.






A partir de 2000 isso tomou proporções ainda mais diversificadas. Lembro que nos anos 80/90, bandas como CORONER, SADUS, MEKONG DELTA e até o WATCHTOWER já estavam na fronteira entre o Thrash e o Prog. O mesmo se pode dizer, mais atualmente, do que fizeram NEVERMORE ou ANGEL DUST. No campo extremo, o complexo VOIVOD sempre foi tido como uma banda thrash, por exemplo. Lembro ainda que, no início da última década, bandas como VADER e MALEVOLENT CREATION lançaram discos ótimos fazendo essa espécie de ponte do Death com o Thrash. O ENTOMBED, aliás, sempre caminhou nessa linha. Adicionando mais peso e melodia, bateríamos até mesmo na vanguarda sueca do Gothenburg Sound (ou o chamado "death melódico").






Eis que exemplos não faltam. E conforme o Heavy Metal se modernizou, as fronteiras se ampliaram. Já citamos o NEVERMORE, então o que dizer de um disco paradigmático como "Dead Heart In A Dead World" (2000)? E os aclamados "The Blackening" (2007) e "Unto The Locust" (2011) do MACHINE HEAD, banda que já vinha desde os anos 90 com trabalhos que eram constantemente incluídos no estilo aqui tratado? E as demais bandas do chamado metalcore, que de modo mais ou menos direto beberam (e bebem!) TODAS na fonte de grupos como Metallica, Sepultura, Anthrax e Pantera?!






Falando em PANTERA, eis uma banda que sempre gerou polêmica ao se arriscar uma classificação para ela. O SUICIDAL TENDENCIES passou por algo parecido, sendo chamado sem muita precisão de "metal alternativo". O S.O.D. e o D.R.I. igualmente, com seu "crossover thrash". Hoje, questão semelhante poderia ocorrer ao se tentar classificar um gigante como o Slipknot, ou Gojira, DevilDriver, Trivium, Lamb Of God, Five Finger Death Punch, Hatebreed, ou até mesmo um Mastodon ou Meshuggah (estes dois, especialmente no começo de suas respectivas carreiras).






Por fim, abrimos o parênteses sobre o Brasil, que também sofre (bem mais!) com a falta de criatividade no estilo. Vive de seus clássicos: o óbvio SEPULTURA (que se sofisticou - e fica a dúvida se o Soulfly de Max Cavalera poderia entrar no rol), além de OverDose, The Mist, Korzus... enfim, bandas já antigas, da vanguarda do movimento. Agora, quem foi ORIGINAL de FATO na última década? Talvez o solitário TORTURE SQUAD, banda aclamada com justiça em álbuns do porte de "Pandemonium" (2003) ou "Aequilibrium" (2010) - e, ainda assim, "thrash" não definiria por completo sua sonoridade muitas vezes até mais complexa.







Dito tudo isso, o blog faz sua lista dos lançamentos no Thrash Metal de 2000 para cá, com comentários:




1º NEVERMORE - Dead Heart In A Dead World (2000)
Conforme dito, das bandas mais criativas e revolucionárias, que ditou boa parte do Heavy Metal da primeira década do novo século. O Nevermore ficou no limiar de outros estilos, até mesmo da complexidade do prog, mas entendemos que ainda possui uma orientação thrash em sua base (o que valeu para o Machine Head, mas não para outras especuladas acima), o que a faz ganhar o mais alto posto desta lista.

2º MACHINE HEAD - The Blackening (2007)
Banda noventista que caminhou entre o heavy, thrash e alternativo sem muita pretensão, com seus bons e empolgantes trabalhos, mas nada como fez nos seus dois últimos álbuns de estúdio. Em especial neste absolutamente insano "The Blackening".

3º MEGADETH - The System Has Failed (2004)
Pode-se dizer o que quiser de Dave Mustaine, sujeito de posições detestáveis fora dos palcos. Mas à frente de sua banda, o cara revolucionou o thrash com uma fórmula única e bastante criativa para seu Megadeth, banda que costuma se renovar a cada lançamento. Após o retorno, no início do século, a sequência de competentes obras teve seu ápice criativo neste disco de 2004, que conta com as surreais "Die Dead Enough", "Of Mice And Men" e "The Scorpion".

4º TESTAMENT - The Formation Of Damnation (2008)
A que se mostrou a mais constante, regular e poderosa banda da Bay Area nos últimos anos. Conta apenas com discos nada menos que avassaladores, se atualizaram em sua sonoridade e não perderam em essência. Chuck Billy recuperou sua saúde, e cada lançamento seu ainda é um evento no âmbito metálico. Prometem mais para breve!

5º METALLICA - Death Magnetic (2008)
O injustamente atacado "St. Anger" (2004), por uma massa de acéfalos, além das crises internas da banda, talvez a tenha ofuscado por muitos anos, que poderiam ter sido investidos em mais obras de impacto. Mas o Metallica é assim: poucos lançamentos, porém certeiros! E como o gigante nunca deixou de ser gigante, a banda já veterana vive uma espécie de novo auge a cada bombástica turnê. Trata-se da MAIOR banda de Heavy Metal de todos os tempos e nunca deve ser subestimada!

6º KREATOR - Violent Revolution (2001)
Outra banda de grande regularidade. Se seus compatriotas clássicos, como Destruction, Tankard e Sodom, se mantiveram em alta, fato é que não o fizeram com tanta maestria e capacidade de reinvenção como o KREATOR fez. Originalidade mesmo veio em "Endorama" (1999), mas na nova década emplacaram novos clássicos, mais atrelados a suas origens, mas soando modernos e revigorados como nunca! "Enemy Of God" (2005) e "Phantom Antichrist" (2012) também ajudam a comprovar a tese.

7º ANTHRAX - Worship Music (2011)
Outra banda inquieta, que sofreu com constantes trocas de vocalista, mas enquanto se mantém produtiva, sempre esteve acima da média. E invariavelmente originais! O moderno "We've Come For You All" (2003), com o ótimo John Bush à frente, poderia facilmente constar desta lista, tamanha perfeição do álbum. Mas eis que em 2011, este retorno de Joey Belladonna também rendeu um novo clássico recheado de hinos, presença obrigatória em qualquer lista do gênero.

8º SEPULTURA - Roorback (2003)
Um pouco perdido após a saída de Max (o que é perfeitamente normal), o SEPULTURA de Andreas Kisser e Derrick Green reassumiu seu lugar na linha de frente do heavy metal mundial, retomando uma característica da sua essência: pensar à frente, não se acomodar! Se seus discos mais clássicos são bastante fortes e diversificados entre si, os discos do novo século não deixaram a desejar, até mesmo fugindo do thrash tradicional e arriscando complexas passagens extremas e épicas em álbuns como "Dante XXI" (2006) e "A-Lex" (2009). Mas foi em "Roorback" que a banda havia se reencontrado de vez num disco coeso e bombástico. Vale dizer: Max também não decepcionou, com ótimos trabalhos à frente do SOULFLY, e ao lado do irmão Igor no tradicional Cavalera Conspiracy!

9º SLAYER - God Hates Us All (2001)
Donos de uma discografia irretocável e referencial dentro do thrash e do heavy metal em geral, o SLAYER manteve-se firme até o fim da década de 90, quando vieram as críticas. Voltou às pazes com os fãs mais radicais nos discos recentes, mais alinhados ao Slayer tradicional, sendo destaque o "Christ Illusion" de 2006. Nesse período, destacou-se um belíssimo disco de transição, o moderno "God Hates Us All". Foi lindo ver o Slayer soando atual, revigorado, mas AINDA ácido e visceral como o SLAYER sempre foi! Duvide de quem critica um álbum tão certeiro!

10º EXODUS - Tempo Of The Damned (2004)
Aqui podemos fazer uma digressão acerca da cena thrash americana e geral. Se as bandas até aqui citadas de algum modo se atualizaram, foi meio triste ver outras bandas clássicas até com bons discos, mas por demais acomodadas ou redundando em fórmulas pouco atrativas - talvez o caso de nomes como Death Angel, Flotsam And Jetsam, Heathen, Forbidden, Onslaught, Nuclear Assault, o Overkill após "Blootletting" (2000), dentre outros. No mais, alguns novatos com algo de atraente, Toxic Holcaust, Municipal Waste, o brasileiro Eminence... mas no geral, uma montanha de mais do mesmo (diversos nomes lamentáveis foram e são exaltados, tão somente porque remetem a tudo aquilo que já havia sido feito!). Para contrapor, eis que citamos esse disco do EXODUS, uma banda que não dá para chamar de "inovadora" ao extremo, mas que lançou esse possível clássico em 2004, digno da potente discografia que teve seu início lá no seminal "Bonded By Blood" (1985).




Mas sim, ao ver a lista e as análises aqui feitas, fica uma assustadora conclusão: o THRASH vive de seus grandes nomes e tende à estagnação, se não for aceito como elemento de composição de outros e novos (salutares!) estilos. Esse é o pesadelo dos radicais e conservadores da cena, mas a alegria de quem reconhece a importância do estilo e quer vê-lo renovado e sempre a serviço de uma sonoridade original!






sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

FROM THE HEART:
Guru - "Jazzmatazz", Vol. 1 (1993)




Já tratamos de dois clássicos do ano de 1994 neste blog: um clássico do hip hop em sua forma mais direta e crua, sem deixar a sofisticação de lado, com "Illmatic" do rapper NAS; e um disco que reúne o mais fino e criativo da ponte entre o rap e toda a riqueza do jazz, da série Red Hot AIDS Benefit.



Tudo que foi ali falado, porém, já possuía uma forte referência do ano anterior. Trata-se desta obra-prima chamada "Jazzmatazz", do exímio rapper e produtor GURU.



Com certeza este disco já cruzou seu caminho em algum momento. Caso não, permita-se ser levado pela criatividade coordenada pelo falecido Guru, Keith Edward Elam, que nos deixou precocemente em 2010 vítima de um câncer.



A seleção recrutada lembra o time citado na referida resenha da Red Hot Series. A ideia é a mesma, gênios unidos nessa ponte maravilhosa entre estilos. Roy Ayers, Donald Byrd, Lonnie Smith, Branford Marsalis, MC Solaar e grande time abrilhantam um álbum referencial.



An Experimental Fusion Of Hip-Hop And Jazz.



Guru - "Jazzmatazz", Vol. 1 (1993)





segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

PERIPHERY




Em 2010, os americanos do PERIPHERY chamaram a atenção de toda a cena metálica, se tornando provavelmente a grande revelação daquele ano. Basicamente, uma banda que executava um truncado e complexo prog metal, bastante nervoso e incisivo, sem perder em criatividade. Para um debut, a obra realmente se destacou, sendo inclusive apontada como um dos grandes nomes do chamado djent ou math metal, além do grande apelo vindo do metal alternativo.





Eis que em 2012 veio a confirmação. "Periphery II: This Time It's Personal" trouxe uma banda madura já em seu segundo lançamento, seguindo a fórmula vitoriosa com louvor.





A pitada, o algo a mais, porém, promete estar num próximo álbum. É o que indica o novo EP de 2014, "Clear", lançado logo neste primeiro mês do novo ano.





Cabe a nós mantermos ouvidos atentos a esta grata revelação, desde já registrada como dos grandes nomes metálicos (invariavelmente sem o devido reconhecimento ainda) do novo século.





Periphery - "Clear" EP (2014)











sábado, 18 de janeiro de 2014

FROM THE HEART:
Queensrÿche - "Operation: Mindcrime" (1988)





Este blog às vezes aproveita as resenhas de álbuns que considera clássicos para falar um pouco da carreira da banda ou artista em questão. Em tese, muitos dispensam maiores apresentações, e fica apenas a recomendação do disco... porém, às vezes, é bom ter o panorama e contexto justificando a citação.




Eis que cabe falar do QUEENSRYCHE. Difícil falar que a banda é "subestimada", vez que o disco aqui em questão é muito festejado no meio hard/heavy. Mesmo no mainstream, com a posterior balada "Silent Lucidity", alcançou holofotes por meio da MTV e rádios FMs.





Mas diríamos "subestimada" porque a banda NUNCA foi reconhecida por aquilo que deveria: a INOVAÇÃO! Sim, ok, já vi muitos incluírem o Queensrÿche, com justiça, na vanguarda do prog, com Fates Warning, Dream Theater, Watchtower, dentre outros. Essencialmente, entretanto, é tratada como banda de puro "heavy metal", e nisso querem limitá-la.



Eis, talvez, a péssima recepção que a banda recebeu em seu âmbito do final dos anos 90 para cá. Talvez alguns trabalhos tenham sido mais contidos e óbvios, a la "Hear In The Now Frontier" (1997)... mas o estigma que a banda passou a carregar foi de uma injustiça ímpar. Esqueceu-se que a banda tinha proposta solta, inovadora, ousada... eis que passou batida a sofisticação de discos como "Q2K" (1999), "Tribe" (2003) e o excelente (arriscado, mas que deu certo!) "Operation: Mindcrime II" (2006). Todos incabivelmente massacrados por fãs acéfalos.



Triste realidade que mostra todo o conservadorismo da cena, que ficou infantilmente "exigindo" que a banda  talvez voltasse aos tempos de seu EP de estréia, vez que o público estava sedento pelo passado... esquecendo que, desde sempre, o Queensrÿche, com acertos ou erros, sempre pensou à frente.



Muito ocorreu daí para frente. O genial e performático GEOFF TATE se mostrou intragável, brigas internas ocorreram, a crise passou pelo relacionamento, composições e administração da banda, chegando ao extremo que vemos hoje: DUAS bandas com o mesmo nome, brigas na justiça e disco/turnês fracos e de pouca inspiração (citamos ambos os Queensrÿche como decepções nos melhores de 2013).



Seja como for, nada abala a majestade do auge do grupo neste "Operation: Mindcrime". Épico. Toda a teatralidade da banda, num verdadeiro musical, sem perder o peso metálico, a euforia hard e a rica aura prog que sempre executaram com maestria. Levaram a cabo um tema complexo e bem amarrado, de letras fortes e refrãos pagajosos, num todo coeso e fino - além de bombástico a cada passagem.



A "obra dentro da obra" conta ainda com "Suite Sister Mary", em show à parte de Pamela Moore.



Obrigatório!




Queensrÿche - "Operation : Mindcrime" (1988)






http://www.queensryche.com/

http://en.wikipedia.org/wiki/Queensrÿche







segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

PLAY: Daft Punk





Sempre devemos fazer justiça, ao analisar os "melhores" de um ano, década, estilo, ou seja o que for, ao que exatamente queremos dizer/eleger.


Digo isso porque a palavra "melhor" é muito, mas muito carregada de subjetivismos. Este blog mesmo elegeria algumas canções bastante improváveis como melhores de 2013, sendo que esta lista seria bem diferente das de diversos outros veículos, que também arrolam itens bem diversos entre si.


Já outros campos são bastante objetivos (ainda que carreguem sua carga de subjetividade, mas bem menor). Quem foi mais influente? Inovador? Importante? Quem vendeu mais, outro exemplo, é pergunta extremamente objetiva, e os números definem. Quem esteve nas paradas, etc.



No caso, uma pergunta que misturaria alguns dos conceitos acima seria: qual a MAIOR canção de 2013? Não se falou em melhor, nem necessariamente a mais tocada. Tampouco, é óbvio, "maior" aqui se refere à duração da canção.



Pois bem, elegeríamos sem medo de errar "Get Lucky" do genial duo DAFT PUNK. Que soltou um disco todo ele muito bem sacado, como que num tributo inovador que parte do eletrônico e chega ao movimento disco. Não à toa, traz parcerias poderosas e composições pra lá de grudentas, sem perder o glamour. Foi um dos discos mais importantes de 2013. E teve em "Get Lucky", com Pharrell Willians, seu auge de sucesso.



É a música mais marcante de 2013. E como é boa:












domingo, 5 de janeiro de 2014

FROM THE HEART:
Angra - "Holy Land" (1996)




Conforme já dissemos quando tratamos da carreira de Andre Matos, a obra "Holy Land" de 1996 é provavelmente o que houve de mais belo, delicado e criativo em termos de junção entre a música brasileira e o Heavy Metal de um modo geral.


Território este que foi pouco explorado. Sim, todos se lembrarão do SEPULTURA, que fez algo semelhante em toda sua carreira, com ápice no clássico "Roots" (também de 1996) - embora, obviamente, de modo muito mais agressivo, se valendo de todo o groove brasileiro. Mas se pensarmos que em terras tão vastas, tão poucas bandas/obras se destacaram nessa seara, é um tanto decepcionante.


Fato é, no entanto, que quem se destacou, se destacou com louvor, emplacando o SEPULTURA na vanguarda do heavy/thrash, de reconhecimento mundial; e o próprio ANGRA na vanguarda do power/prog.



Outras bandas vieram a tentar tal fórmula, mas a verdade é que ao se explorar as raízes étnicas e sonoras de um país ou região, ainda mais se for a da região em que se vive, deve-se fazer com perspicácia, inteligência, sofisticação. Caso contrário, teremos uma junção forçada, artificial, o que definitivamente NÃO se quer. Não é o caso, obviamente, da suavidade e diversificação do disco aqui tratado...



"Holy Land" segue o flerte constante com a música clássica, marca da banda desde o debut "Angel's Cry" de 1993. Porém, desde a levada alucinante de "Nothing To Say", o tributo ao berimbau em "Holy Land", a percussão apoteótica de "Carolina IV" ou a selvagem "The Shaman", notamos aos poucos as inserções próprias daquela terra a ser descoberta, ao longo de toda uma obra conceitual e muito dinâmica.



O auge do tributo chega na épica e já referida "Carolina IV", que ainda inclui, ao longo de seus mais de dez minutos, uma passagem de "Bebê", antológica composição do mestre Hermeto Pascoal - referência absoluta deste blog, e da música brasileira e internacional, quando o assunto é INOVAÇÃO! Nada poderia ser mais propício.



O Brasil deveria fazer mais justiça ao prodígio Andre Matos e a um disco tão perfeito. Talvez, se não fosse cantado em inglês (e não se sugere que tivessem tomado outro caminho, a obra já é perfeita como é!), constasse mais das listas de maiores discos brasileiros de todos os tempos. Uma pena.


Fica nosso registro:



Angra - "Holy Land" (1996)





quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

REFERÊNCIA: M.I.A.


Mathangi Maya Arulpragasam
18/07/1975
Hounslow, Londres (UK)






Quando tratamos de Janelle Monáe, exaltando-a por tão curta mas já tão poderosa discografia, além do talento inovador, a colocamos (em tese) à frente de nomes com mais estrada que ela. Dentre outras, na tentativa de vã comparação, citou-se M.I.A. - nem tanto por ter muito mais anos de carreira que Janelle (M.I.A. lançou seu debut apenas 2 anos antes que a americana), ou por sua idade (M.I.A. é dez anos mais velha), mas apenas por tentar arriscar um norte como comparativo.



M.I.A., afinal, já possui uma bombástica discografia. E, desde o início, chocou como Janelle. Performática (insanamente performática!), num processo criativo que passa pelas composições, letras e interpretações, em estúdio e ao vivo.




Em 2013, M.I.A. provavelmente lançou seu melhor álbum até o momento. O que é difícil precisar ao certo, pois todos os seus 4 discos são especiais e recheados de boas e agressivas ideias, que apenas nos estimulam a pensar do que a garota é ainda capaz de fazer. Após esse tempo, já se pode afirmar ao certo que não é pretensão da moça se acomodar. Na visão deste blog, ou seja: perfeição!




M.I.A. é uma artista completa. Seu ativismo, o constante tributo a suas causas (não apenas dela, de todos!), a seu próprio pai e sua história, com certeza contaminam positivamente todo um complexo criativo e inovador. Indo além, ela o faz com vontade, com atitude, com emoção ao apresentar sua arte. Nos dias de hoje, absolutamente louvável.



Não perderemos tempo tentando classificar a guria. Até que ponto ela caminha do hip hop ao eletrônico, do pop ao indie ou à world music (em "Matangi", por exemplo, a influência étnica da música oriental foi marcante). O que há ao certo é uma forte dinâmica em seu som, que passa (nada) tranquilamente por tantos campos... todos os que M.I.A., essa mente inquieta, achar necessário.



E nós agradecemos e ficamos sedentos por mais!



Tente ficar imune...




M.I.A. - Matangi (2013)




http://www.miauk.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/M.I.A._(rapper)




*o (já épico) clipe de "Bad Girls" é de 2012, mas consta do disco de 2013