Já fui muito fã de musicais. Por muito tempo me fascinou como as canções eram criadas em cima de diálogos, sempre considerei que apenas mentes geniais conseguem levar a cabo projetos dessa monta. Tudo exige uma sofisticação, originalidade, uma dinâmica muito forte, tudo o que este blog persegue. Além disso, faz-se fundamental uma interpretação intensa e comprometida com o personagem / texto / contexto em questão, havendo grande ganho, por parte das obras, em dramaticidade e autenticidade.
Porém, com o tempo, percebi que nem todos acertavam nessa fórmula. Comecei a enxergar, inclusive, um grande descompasso entre, muitas vezes, grandes canções produzidas, com conteúdo fraco. Eventualmente, o contrário também. Isso quando o universo em questão não se torna forçado, especialmente nos dias de hoje, em que quase tudo se torna um musical da Broadway. Conforme disse, acredito que um musical deva ter mentes realmente geniais e criativas por trás do projeto.
Pois vamos agora a 1970, com a obra que me fez enxergar musicais de um modo diferente. Enxergar a própria música, qualquer que seja o estilo, de maneira absolutamente diferente. Além de ter se tornado um dos grandes filmes de todos os tempos. De fato, tratamos de um ícone do mundo da arte: Jesus Cristo Superstar!
As mentes por trás do projeto dispensam apresentações, sendo a poderosa dupla do ramo, Tim Rice e Andrew Lloyd Webber. Das mãos (e mente) de Webber mesmo saíram alguns dos maiores clássicos da Broadway, os quais, via de regra, viraram filmes de sucesso - e revelando, no teatro e no cinema, alguns dos grandes nomes do mundo da arte.
Além disso, a obra consolidou o que veio a se chamar de "Opera Rock". Sim, hoje em dia, tudo vira uma "opera rock". Mas, novamente, nada pode ser forçado, e quem bebeu na fonte original de obra como JCS com certeza entende isso - o termo "Opera Rock", de fato, já vinha sendo utilizado desde outro ícone do estilo, "Tommy" do The Who, de 1969, dentre outros contemporâneos.
E JCS apresentou com maestria tudo aquilo que uma "opera rock" pode e deve revelar.
Trato aqui tanto do disco (o projeto, inicialmente, foi exatamente isso, um disco de rock, antes de ser uma peça), quanto da trilha sonora do filme que aquele originou. Considero as obras indisociáveis.
O disco em si trazia à frente nada menos que Ian Gillan (Deep Purple), além de Mike D'Abo (Manfred Mann) e o cantor e ator Murray Head. O filme, traria as vozes e os épicos papéis de Ted Neeley, Yvonne Elliman (que já havia sido Maria Madalena no próprio disco), e o falecido e admirável Carl Anderson. Nem é preciso dizer que, ao longo dos anos, com dezenas de reformulações, figuras do mais alto calibre interpretaram Jesus, Judas e os demais papéis desta obra antológica.
Jesus Christ Superstar seria ousado em qualquer tempo e segue atualíssimo. Tratou de um tema polêmico, e o tratou de maneira ímpar, com muita sabedoria. Apresentar a vida de Jesus sob o ponto de vista de Judas exigia conhecimento e criatividade. Como transformar um tema tão denso em música? Ao mesmo tempo, como juntar tantos estilos e compor um todo musical coerente e dinâmico? Acredito que sejam as duas facetas que tornem JCS realmente único na história da música mundial.
Sem mais palavras. Para este blog, trata-se da maior obra musical de todos os tempos!
Andrew Lloyd Webber & Tim Rice - "Jesus Christ Superstar" (1970)
http://www.andrewlloydwebber.com/
http://www.timrice.co.uk/jcst.html
http://neeleyontheroad.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Jesus_Christ_Superstar
http://en.wikipedia.org/wiki/Jesus_Christ_Superstar_(film)
http://www.imdb.com/title/tt0070239/