domingo, 10 de março de 2013

ROTTING CHRIST





Já disse neste blog que o termo "novo", no mundo da música, em especial do Rock, pode ter uma proporção diferente da normal. Por exemplo, como dizer que os gregos do Rotting Christ, banda formada em 1987, pode pertencer à nova vanguarda do Heavy Metal mundial?


Pois é o que ocorre. Não que seu clássico debut, o poderoso "Thy Mighty Contract" (1993), não seja já um trabalho de respeito. De fato, foi a obra que os colocou, com destaque, no cenário do Black Metal mundial. A banda já apresentava contornos de que poderia fazer algo diferente, mas a sonoridade à época era mais objetiva, rústica, e o grupo se limitou a ser um grande nome, mas restrito ao estilo a que se propuseram.


Difícil apontar o divisor de águas da carreira da banda. A partir de 2000, o Black Metal de vanguarda começou a (re)ocupar a cena. É a época, por exemplo, do magistral "Puritanical Euphoric Misanthropia" (2001) do Dimmu Borgir, disco que alardeou o público metálico. Mas o movimento não era isolado, pelo contrário, já vinha na linha do que bandas visionárias como Emperor, Arcturus, Peccatum, Enslaved, Transcending Bizarre?, Samael, Kovenant, Mayhem (banda que também sofreu uma ousada e positiva revolução sonora, da qual trataremos neste blog), dentre outras, estavam fazendo.


Nesse contexto, o Rotting Christ adere a um estilo mais épico e refinado, sem jamais perder em agressividade e obscuridade. É o caso, possivelmente, de "Khronos"(2000) e "Genesis" (2002). O ápice da criatividade chega no ótimo "Sanctus Diavolus" (2004), que seria seguido de "Theogonia" (2006). A partir daí, os gregos se encontravam num novo patamar dentro de seu estilo - refiro-me à música pesada de forma geral, não apenas ao Black Metal clássico de início de carreira.


De cair o queixo, porém, é o que, talvez até inesperadamente, o Rotting Christ veio a fazer em "Aealo" (2010), e nos mostra agora, com o derradeiro "Kata Ton Demona Eaftoy" (2013). Trata-se de uma massa sonora de raros precedentes. O som vai do soturno ao dinâmico, o peso é contundente, sem perder em melodia... e os arranjos, um capítulo à parte. E pode parecer besteira, mas as letras em grego dão um tom ainda mais desesperador às apoteóticas composições da banda.


Aponto no Rotting Christ, sem medo de errar, uma nova referência nessa nova maneira de se pensar (e de se fazer) o Heavy Metal, em pleno século XXI. Este post coloca o grupo como um dos grandes nomes da cena atualmente, mas também já aproveita e recomenda o que, provavelmente, será uma das grandes obras deste ano:


Rotting Christ - "Kata Ton Daimona Eaytoy" (2013)







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