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domingo, 14 de setembro de 2014

REFERÊNCIA: Andre Matos


Andre Coelho Matos
14/09/1971
São Paulo/SP (BRA)





Leia o que já falamos sobre a carreira de Andre Matos, num especial em três partes: aqui, aqui e aqui.

O grande maestro do heavy brasileiro e mundial!



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

SPECIAL: Thrash Metal




Já dissemos em algum momento neste blog que o Thrash Metal é um estilo basilar da música pesada. Não à toa, a cena produziu discos fundamentais do Heavy Metal. Porém, dissemos também que o estilo tende à estagnação. E passada a primeira década do século, e já próximo da metade desta segunda década, tal observação torna-se bastante comprovada. Infelizmente.


Perceba que é bastante diferente dizer que o estilo não evolui a contento (o que implica em trazer itens como originalidade e inovação para o primeiro plano), e dizer que o estilo não produz mais nada. Esta última afirmação já não seria verdadeira, em absoluto. Fato é que produziu sim, e produz... sendo que sobre isso trataremos abaixo.


Mas, a primeira das questões toca em algo muito maior. Afinal, essencialmente: o que é o Thrash hoje em dia?






Dizemos isso porque, mesmo em seu início, o Thrash Metal tinha definição enquanto movimento (exemplo: Bay Area nos EUA, ou os ícones do thrash alemão, etc.). Mas enquanto forma, já se confundia com tantos outros. Do mesmo modo que a tênue barreira entre Black e Death Metal pode ser bem sutil, com o Thrash não é diferente. Bandas tradicionais de power/speed já se confundiam com o thrash (ex: SANCTUARY, METAL CHURCH, ANGEL DUST, AGENT STEEL, até o ICED EARTH), que por sua vez poderiam se confundir com a temática do Black Metal (ex: SLAYER, banda de temas obscuros, referencial para tantos ramos do metal), e por aí vai.






A partir de 2000 isso tomou proporções ainda mais diversificadas. Lembro que nos anos 80/90, bandas como CORONER, SADUS, MEKONG DELTA e até o WATCHTOWER já estavam na fronteira entre o Thrash e o Prog. O mesmo se pode dizer, mais atualmente, do que fizeram NEVERMORE ou ANGEL DUST. No campo extremo, o complexo VOIVOD sempre foi tido como uma banda thrash, por exemplo. Lembro ainda que, no início da última década, bandas como VADER e MALEVOLENT CREATION lançaram discos ótimos fazendo essa espécie de ponte do Death com o Thrash. O ENTOMBED, aliás, sempre caminhou nessa linha. Adicionando mais peso e melodia, bateríamos até mesmo na vanguarda sueca do Gothenburg Sound (ou o chamado "death melódico").






Eis que exemplos não faltam. E conforme o Heavy Metal se modernizou, as fronteiras se ampliaram. Já citamos o NEVERMORE, então o que dizer de um disco paradigmático como "Dead Heart In A Dead World" (2000)? E os aclamados "The Blackening" (2007) e "Unto The Locust" (2011) do MACHINE HEAD, banda que já vinha desde os anos 90 com trabalhos que eram constantemente incluídos no estilo aqui tratado? E as demais bandas do chamado metalcore, que de modo mais ou menos direto beberam (e bebem!) TODAS na fonte de grupos como Metallica, Sepultura, Anthrax e Pantera?!






Falando em PANTERA, eis uma banda que sempre gerou polêmica ao se arriscar uma classificação para ela. O SUICIDAL TENDENCIES passou por algo parecido, sendo chamado sem muita precisão de "metal alternativo". O S.O.D. e o D.R.I. igualmente, com seu "crossover thrash". Hoje, questão semelhante poderia ocorrer ao se tentar classificar um gigante como o Slipknot, ou Gojira, DevilDriver, Trivium, Lamb Of God, Five Finger Death Punch, Hatebreed, ou até mesmo um Mastodon ou Meshuggah (estes dois, especialmente no começo de suas respectivas carreiras).






Por fim, abrimos o parênteses sobre o Brasil, que também sofre (bem mais!) com a falta de criatividade no estilo. Vive de seus clássicos: o óbvio SEPULTURA (que se sofisticou - e fica a dúvida se o Soulfly de Max Cavalera poderia entrar no rol), além de OverDose, The Mist, Korzus... enfim, bandas já antigas, da vanguarda do movimento. Agora, quem foi ORIGINAL de FATO na última década? Talvez o solitário TORTURE SQUAD, banda aclamada com justiça em álbuns do porte de "Pandemonium" (2003) ou "Aequilibrium" (2010) - e, ainda assim, "thrash" não definiria por completo sua sonoridade muitas vezes até mais complexa.







Dito tudo isso, o blog faz sua lista dos lançamentos no Thrash Metal de 2000 para cá, com comentários:




1º NEVERMORE - Dead Heart In A Dead World (2000)
Conforme dito, das bandas mais criativas e revolucionárias, que ditou boa parte do Heavy Metal da primeira década do novo século. O Nevermore ficou no limiar de outros estilos, até mesmo da complexidade do prog, mas entendemos que ainda possui uma orientação thrash em sua base (o que valeu para o Machine Head, mas não para outras especuladas acima), o que a faz ganhar o mais alto posto desta lista.

2º MACHINE HEAD - The Blackening (2007)
Banda noventista que caminhou entre o heavy, thrash e alternativo sem muita pretensão, com seus bons e empolgantes trabalhos, mas nada como fez nos seus dois últimos álbuns de estúdio. Em especial neste absolutamente insano "The Blackening".

3º MEGADETH - The System Has Failed (2004)
Pode-se dizer o que quiser de Dave Mustaine, sujeito de posições detestáveis fora dos palcos. Mas à frente de sua banda, o cara revolucionou o thrash com uma fórmula única e bastante criativa para seu Megadeth, banda que costuma se renovar a cada lançamento. Após o retorno, no início do século, a sequência de competentes obras teve seu ápice criativo neste disco de 2004, que conta com as surreais "Die Dead Enough", "Of Mice And Men" e "The Scorpion".

4º TESTAMENT - The Formation Of Damnation (2008)
A que se mostrou a mais constante, regular e poderosa banda da Bay Area nos últimos anos. Conta apenas com discos nada menos que avassaladores, se atualizaram em sua sonoridade e não perderam em essência. Chuck Billy recuperou sua saúde, e cada lançamento seu ainda é um evento no âmbito metálico. Prometem mais para breve!

5º METALLICA - Death Magnetic (2008)
O injustamente atacado "St. Anger" (2004), por uma massa de acéfalos, além das crises internas da banda, talvez a tenha ofuscado por muitos anos, que poderiam ter sido investidos em mais obras de impacto. Mas o Metallica é assim: poucos lançamentos, porém certeiros! E como o gigante nunca deixou de ser gigante, a banda já veterana vive uma espécie de novo auge a cada bombástica turnê. Trata-se da MAIOR banda de Heavy Metal de todos os tempos e nunca deve ser subestimada!

6º KREATOR - Violent Revolution (2001)
Outra banda de grande regularidade. Se seus compatriotas clássicos, como Destruction, Tankard e Sodom, se mantiveram em alta, fato é que não o fizeram com tanta maestria e capacidade de reinvenção como o KREATOR fez. Originalidade mesmo veio em "Endorama" (1999), mas na nova década emplacaram novos clássicos, mais atrelados a suas origens, mas soando modernos e revigorados como nunca! "Enemy Of God" (2005) e "Phantom Antichrist" (2012) também ajudam a comprovar a tese.

7º ANTHRAX - Worship Music (2011)
Outra banda inquieta, que sofreu com constantes trocas de vocalista, mas enquanto se mantém produtiva, sempre esteve acima da média. E invariavelmente originais! O moderno "We've Come For You All" (2003), com o ótimo John Bush à frente, poderia facilmente constar desta lista, tamanha perfeição do álbum. Mas eis que em 2011, este retorno de Joey Belladonna também rendeu um novo clássico recheado de hinos, presença obrigatória em qualquer lista do gênero.

8º SEPULTURA - Roorback (2003)
Um pouco perdido após a saída de Max (o que é perfeitamente normal), o SEPULTURA de Andreas Kisser e Derrick Green reassumiu seu lugar na linha de frente do heavy metal mundial, retomando uma característica da sua essência: pensar à frente, não se acomodar! Se seus discos mais clássicos são bastante fortes e diversificados entre si, os discos do novo século não deixaram a desejar, até mesmo fugindo do thrash tradicional e arriscando complexas passagens extremas e épicas em álbuns como "Dante XXI" (2006) e "A-Lex" (2009). Mas foi em "Roorback" que a banda havia se reencontrado de vez num disco coeso e bombástico. Vale dizer: Max também não decepcionou, com ótimos trabalhos à frente do SOULFLY, e ao lado do irmão Igor no tradicional Cavalera Conspiracy!

9º SLAYER - God Hates Us All (2001)
Donos de uma discografia irretocável e referencial dentro do thrash e do heavy metal em geral, o SLAYER manteve-se firme até o fim da década de 90, quando vieram as críticas. Voltou às pazes com os fãs mais radicais nos discos recentes, mais alinhados ao Slayer tradicional, sendo destaque o "Christ Illusion" de 2006. Nesse período, destacou-se um belíssimo disco de transição, o moderno "God Hates Us All". Foi lindo ver o Slayer soando atual, revigorado, mas AINDA ácido e visceral como o SLAYER sempre foi! Duvide de quem critica um álbum tão certeiro!

10º EXODUS - Tempo Of The Damned (2004)
Aqui podemos fazer uma digressão acerca da cena thrash americana e geral. Se as bandas até aqui citadas de algum modo se atualizaram, foi meio triste ver outras bandas clássicas até com bons discos, mas por demais acomodadas ou redundando em fórmulas pouco atrativas - talvez o caso de nomes como Death Angel, Flotsam And Jetsam, Heathen, Forbidden, Onslaught, Nuclear Assault, o Overkill após "Blootletting" (2000), dentre outros. No mais, alguns novatos com algo de atraente, Toxic Holcaust, Municipal Waste, o brasileiro Eminence... mas no geral, uma montanha de mais do mesmo (diversos nomes lamentáveis foram e são exaltados, tão somente porque remetem a tudo aquilo que já havia sido feito!). Para contrapor, eis que citamos esse disco do EXODUS, uma banda que não dá para chamar de "inovadora" ao extremo, mas que lançou esse possível clássico em 2004, digno da potente discografia que teve seu início lá no seminal "Bonded By Blood" (1985).




Mas sim, ao ver a lista e as análises aqui feitas, fica uma assustadora conclusão: o THRASH vive de seus grandes nomes e tende à estagnação, se não for aceito como elemento de composição de outros e novos (salutares!) estilos. Esse é o pesadelo dos radicais e conservadores da cena, mas a alegria de quem reconhece a importância do estilo e quer vê-lo renovado e sempre a serviço de uma sonoridade original!






sábado, 6 de abril de 2013

ANDRE MATOS - parte III




continuação (ler parte I / ler parte II)



Após passar por três bandas de sucesso, três das maiores e mais originais de nossa cena metálica nacional, afora um lindo projeto paralelo que foi o Virgo, ANDRE MATOS se viu simplesmente livre para tentar o que quisesse. No entanto, já deixava claro que não queria, novamente, fazer parte de uma "banda" propriamente dita - e após as traições que sofrera, tinha sua razão.



Vale dizer que, ao longo da década passada, Andre mostrou toda sua versatilidade fazendo inúmeras participações em bandas e projetos. Alguns questionáveis, talvez na tentativa de alavancar o heavy metal nacional. Mas, no geral, realizou feitos marcantes, participando de discos do projeto AVANTASIA,  da metal opera AINA,  do ousado projeto nacional HAMLET,  do disco ao vivo do DR. SIN,  do ótimo debut do KARMA (ironicamente, de Thiago Bianchi),  do thrash metal do KORZUS,  do hard em espanhol do AVALANCH,  só para citar alguns.  Participou ainda do disco solo de Luca Turilli (RHAPSODY),  e fez backing vocals no ótimo "Consign To Oblivion" do EPICA.  Nos anos 90 já havia deixado sua marca em colaborações com a exímia banda progressiva alemã SUPERIOR,  com os italianos do TIME MACHINE,  os latinos do NEPAL,  com o guitarrista brasileiro RODRIGO ALVES,  com o supergrupo prog LOOKING GLASS SELF (demo),  dentre inúmeros outros.


Saiu, ainda, do âmbito do hard/heavy, aparecendo nos discos do produtor CORCIOLLI,  do SAGRADO CORAÇÃO DA TERRA (de seu amigo MARCUS VIANA, no lindo "A Leste Do Sol, Oeste Da Lua"),  no DVD da banda de blues Irmandade do Blues, sempre mostrando um lado eclético e sofisticado, que tinha - e sempre teve - tudo a ver com sua própria música.  O ápice de sua ousadia se deu quando interpretou o papel principal na rock opera "Tommy", do The Who, ao lado da Banda Sinfônica Jovem de São Paulo (recentemente repetiu a dose fazendo os vocais para "Journey To The Center Of The Earth" de Rick Wakeman - porém, à época de "Tommy", Andre mostrou-se como verdadeiro ATOR, o que certamente encantou e surpreendeu ainda mais aos fãs).







Andre sempre SURPREENDE. Ir a um show seu ou de suas bandas é, via de regra, não saber a surpresa que este irá preparar. Desde a época de ANGRA, temos disponíveis bootlegs em que a banda mandou covers dos mais inusitados, indo de Iron Maiden e Black Sabbath, a nomes como Steve Wonder, ZZ Top e Stephan Eicher. Na "Ritual Tour" com o SHAMAN, a longa turnê gerou momentos inusitados, com tributos a Ozzy, ao Viper, um show antológico ao lado do Karma no antigo "Blen Blen" em SP, além de recursos impactantes, como a famosa bateria-elevador de Confessori. Um épico encontro com diversos convidados foi ainda registrado no DVD ao vivo "RituAlive" (2003). Na "Reason Tour", de tom frio e sombrio, chegaram a abrir para a clássica banda Nektar, ao lado do Violeta de Outono, oportunidade em que mandaram o excelente "Reason" praticamente na íntegra.



Talvez a grande "bola fora" da carreira de Andre tenha sido a inexplicável aproximação com Timo Tolkki (Stratovarius), formando o SYMFONIA, uma espécie de "seleção do metal melódico" em 2010. Foi das poucas vezes em que vimos Andre seguir uma sonoridade assumidamente clichê, pouco tendo o que se destacar em termos de evolução musical. O disco e a turnê foram igualmente mornos.


Porém, retornando à carreira principal de Andre, com tanta versatilidade, criatividade (nos álbuns e nas turnês), sendo compositor de mão cheia... cabia a pergunta acerca de qual seria seu próximo passo.





E a empreitada foi seguir solo. Um "solo", que era uma banda. Contou por algum tempo com o velho companheiro Luis Mariutti, seguiu com Hugo Mariutti nas guitarras, com Fabio Ribeiro, com o guitarrista André Zazá Hernandes (Sunsarah, Angra), além de revelar bateristas do porte de Eloy Casagrande (Banda Gloria, hoje no SEPULTURA).



Após uma estréia vitoriosa com o melódico "Time To Be Free" (2006, não tão ousado como outrora, mas com seus fortes momentos pesados e experimentais), uma espécie de 'brinde' à sua própria carreira,  Andre encantou a todos com "MENTALIZE" (2009) - quando se aproximou do produtor CORCIOLLI, famoso pela filosofia New Age e pelo selo Azul Music. Com forte ênfase nas letras e na sofisticação da música pesada, lembrou os tempos de Shaman, quando se aproximou do também mestre Marcus Viana, isto é, trazendo para o Heavy Metal refinamento e profundidade por meio de novos elementos, com sua latente aura progressiva. No caso de Corciolli, a nova filosofia influenciou também as belíssimas letras de Andre no disco. Era, mais uma vez, a "nova forma" de se fazer música pesada...



ANDRE atualmente mora na Europa e segue livre em carreira solo. Recentemente lançou o ótimo "The Turn Of The Lights", seguindo a forma pouco usual de fazer Heavy, embora mais contido em inovações - incluiu, no entanto, covers que foram de Queensrÿche a Radiohead. Ainda arrumou tempo para fazer uma turnê comemorativa ao lado dos amigos de VIPER e, por fim, anunciar que na turnê do novo álbum incluirá a execução, na íntegra, do "Angel's Cry" de 1993. Esperamos que faça o mesmo com o épico "Holy Land" quando a hora chegar...



Este é Andre. Um INOVADOR da música pesada, e tem todo nosso respeito...