sábado, 6 de abril de 2013

ANDRE MATOS - parte II




continuação (ler parte I aqui)



Acredito que outra grande dúvida gerada a partir do fim do Angra era se aquele jeito único, cativante e criativo de se fazer Heavy Metal era devido a uma "mágica" atribuída àquela formação, àquelas mentes que juntas assim funcionavam... ou se, separados, poderiam impor a mesma diversidade e ousadia sonora em suas respectivas carreiras.



Abre-se aqui o parênteses para dizer que o ANGRA fracassou miseravelmente nesse quesito. Capitaneado por Kiko Loureiro e Rafael Bittencourt (este remanesceu como "oásis criativo" da banda, a despeito da inegável qualidade técnica do primeiro), a nova formação com Edu Falaschi à frente teve o trunfo de manter o NOME (e isso pesa, inclusive em termos de sucesso). Além disso, no início de 2000 a onda do "metal melódico" ainda encantava boa parte do público, no que o grupo resolveu - equivocadamente, para nós - embarcar.


Logo, NÃO SE NEGA o sucesso da banda com sua segunda formação, apenas se diz que esta sem dúvida FRACASSOU no quesito CRIATIVIDADE.  O som foi empobrecido, o caminho era o de um clichê sem tamanho, feito para agradar ao jovem público metálico da época.  Os flertes com a música brasileira eram fracos, sem a mestria do passado.  O lado progressivo enveredou para um neoclássico forçado, típico da época e igual a milhares de outras bandas.  Afora a postura ARROGANTE dos integrantes, provocando os ex-companheiros, chegando a participar de 'mesa redonda' em revista para esculhambar o material alheio, etc.  Destaques mesmo foram RAROS - algumas boas canções de "Rebirth" (2001), uma linda participação de Milton Nascimento no pavoroso "Temple Of Shadows" (2004), e o competente e moderno "Aurora Consurgens" (2006), único disco que vale mais a pena ouvir.



A princípio, ANDRE MATOS manteve grande suspense sobre seu futuro com os demais egressos do Angra. No entanto, no ano de 2001 daria uma das maiores tacadas de sua carreira, que passou despercebido pelo grande público, numa daquelas injustiças que apenas mostram como os fãs são resistentes a novas sonoridades e grandes ideias. Falo do belíssimo disco auto-intitulado do projeto VIRGO, ao lado do produtor e companheiro Sascha Paeth.


Mais um grande acerto na carreira de Andre. Toda a delicadeza e sofisticação que já sabíamos ser típicas dele, agora se mostraram a serviço de um Hard Rock certeiro, que bebeu em ricas fontes que foram desde Beatles e Queen, passando pelo pop, soul, e até o gospel. Toda a diversificação sonora que sempre defendeu ali se encontravam em seu estado mais refinado e livre.





Faltava Andre mais uma vez colocar toda sua genialidade a serviço do Heavy Metal. E foi fazê-lo com o SHAMAN (nome de uma das melhores canções do antigo Angra), nova banda ao lado do baterista Ricardo Confessori, dos irmãos Luis e Hugo Mariutti, além do ótimo tecladista Fabio Ribeiro.


CRIATIVIDADE, finalmente, era a palavra de ordem por aqui. A história do grupo, no entanto, foi curta e dividida entre o marco musical chamado "RITUAL" (2002), de forte aura progressiva e indo beber nas fontes da world music (com especial apelo da música e tradição andinas), acompanhado de uma longa e vitoriosa turnê;  e "REASON" (2005), um disco mais direto, de aura sombria e dark, letras fortes e profundas, mas não menos progressivo, com as inovações trazidas para o nível da sutileza, das estruturas e arranjos pouco típicos das composições - uma marca de Andre! A turnê, no entanto, traria o FIM do Shaman (ou ShaAman, nome que passaram a utilizar neste segundo álbum).






Encerrando este capítulo, vale dizer que o Shaman seguiu ativo, anos depois. Ricardo Confessori conseguiu o direito de usar o nome, e convocou músicos da banda de hard rock Tempestt, além do excelente vocalista Thiago Bianchi (Karma, Firesign, Vox) para seguir com os trabalhos. Após um bom primeiro disco, "Immortal" (2007), fato é que o grupo não soube aproveitar todo o potencial de seus competentes integrantes. Thiago Bianchi, criativo e versátil, perdeu-se num Heavy comum, sem atrativos, e o líder Confessori passou a dividir atenções com o Angra, banda para a qual RETORNOU e cujo futuro é tão incerto quanto o do atual Shaman.



Andre, por sua vez, provara que a veia inovadora de se fazer música pesada (e música em geral) estava realmente com ele. Mas qual seria o novo projeto do maestro, vez que mais uma vez se via obrigado a deixar uma banda de sucesso... ?



to be continued (ler parte III)

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