sexta-feira, 5 de abril de 2013

ANDRE MATOS - parte I





ANDRE MATOS é dos nomes mais injustiçados no âmbito da música pesada, nacional ou internacional. Via de regra, ele é - muito equivocadamente - associado com o que há de mais tacanho em proposta sonora, especialmente no Heavy Metal. Basicamente, vêm à lembrança do público os "agudos" vocais que o tornaram famoso, e, associado a isso, todo o fenômeno do "metal melódico", cujo boom dominou parte dos anos 90, e mesmo da década passada.


Conforme dito, nada mais longe da verdade!



A começar pelo fato de que associações e julgamentos tão rasos como esses não fazem jus à formação erudita do compositor e multi-instrumentista que Andre reconhecidamente é.


E a formação em si de pouco valeria se não utilizada como filosofia em suas composições. Porém, Andre sempre pregou, justamente, a variedade musical, especialmente dentro do âmbito do Hard/Heavy, como um caminho efetivamente prolífico - próprio para arejar um estilo tão saturado. Em suma: Andre é o oposto daquilo pelo que sempre o reconheceram.



E se alguém batalha pela DIVERSIDADE sonora dentro do Heavy Metal, este alguém é certamente referência deste blog. Se o faz dentro da atrasadíssima cena metálica brasileira, então o cara se torna praticamente um herói! Mas eis a batalha que Andre, conscientemente ou não, sempre levou a cabo com maestria!



Passarei rapidamente pelo seu início no VIPER. Ali, ficava visível uma forte aura a la Iron Maiden, naquele misto de metal com melodia, associado a uma veia quase punk (lembrar que o compositor principal era Pit Passarel, e não Andre, cuja marca se restringiu à épica "Moonlight"). Para o Brasil, e mesmo fora dele, a banda já soava original, e Andre um jovem talento vocal - mas não é exatamente por esse período que ele é aqui reverenciado.



Eis que veio o ANGRA, uma jovem seleção de músicos talentosos, com Andre à frente, o que resultaria no histórico debut "ANGEL'S CRY" (1993). Sim, aqui há de se concordar que o disco é um clássico seminal do chamado "metal melódico" - e sim, o Brasil, do expoente Sepultura, finalmente escrevia sua página na cena do metal tradicional, com louvor! Mas convenhamos que se tratava do que havia (e até hoje é referencia do que há) de mais sofisticado no melodic metal. E a mão de Andre foi fundamental na obra, atuando já como vocalista, tecladista e exímio compositor - fazendo uma sábia e bombástica fusão da música clássica com o Heavy. Tornava-se um prodígio!




No entanto, INOVAÇÃO mesmo, em seu ápice, em seu estado mais delicado e belo - mas também impactante como nunca antes - veríamos no épico "HOLY LAND" (1996). Falaremos mais deste álbum, mas fica a dica do que se fez de mais coeso, bonito, ousado e único na junção do Heavy Metal e da música BRASILEIRA (sem deixar a essência clássica de lado).


O Angra, com sua formação clássica de cabeças pensantes e exímios músicos, nos brindaria ainda com um trabalho finíssimo, que seria o derradeiro "FIREWORKS" (1998). Andre já era uma realidade criativa desde "Holy Land", e seguia como figura principal. Infelizmente, desentendimentos em diversos níveis, passando pelo pessoal e pela própria administração da banda, fizeram daquela turnê a ÚLTIMA do grupo.



Cabe dizer que era uma época em que todos se perguntavam qual seria o limite, a evolução criativa... qual seria o próximo passo de uma banda como o ANGRA, com 3 discos tão variados entre si, tão ricos, e ao mesmo representando uma discografia tão fina e sólida, para uma banda tão jovem?





A resposta viria a seguir.



to be continued (ler parte II / ler parte III)

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