terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

NEVERMORE




Final dos anos 90, início dos anos 2000. Para variar, como parece ocorrer em toda troca de década, o que estava sendo feito de mais ousado musicalmente era ignorado e/ou achincalhado. O passado remoto soava muito melhor que a década que se encerra, que morre sem ser descoberta. A balela de sempre, uma pena.

Ainda que prevaleça essa onda de só se fazer justiça a uma década, ou a um determinado período criativo, com uma defasagem de tempo consideravelmente grande... fato é que o azedume habitual de público e crítica procura sempre, numa rara demonstração de boa vontade, um nome em quem apostar, um possível artista com o potencial de mudar os rumos daquilo que estava sendo feito (ainda que, tempos depois, se perceba que MUITO estava sendo feito, havia por aí era má vontade e ouvidos preguiçosos).



Enfim, o ano era 2000 e a banda que atraía os holofotes do metal moderno eram os americanos do NEVERMORE. Com TODA a justiça, diga-se! Uma banda que se comprovou realmente única!


O Heavy Metal passava por uma "pseudo crise". O Metal americano, que voltaria a mostrar suas garras de 2000 para frente, estava em "descrédito" pelo injustamente malhado "new metal". Tudo que soasse um pouco mais moderno era tachado, rotulado, e recebia o injusto preconceito dos ouvintes. O Metal Europeu se renovava há mais tempo, com uma cena densa e variada, mas para um público fechado e pouco adepto ao novo (como sempre). Lembrar também que a internet e o mp3 eram ainda "novidades".


O Nevermore vinha das cinzas da ótima banda oitentista Sanctuary, que tinha dois discos antológicos cravados na história do estilo. O grupo já existia desde o início da década de 90, e já contava com obras maravilhosas, desde seu debut "Nevermore" (1994), até o soturno "Dreaming Neon Black" (1999). Irrepreensíveis.


Mas a banda era inquieta. Altamente técnica, com uma parte lírica trabalhada, inteligente, uma sonoridade densa e complexa. Tudo isso aliado aos ditames do Heavy/Thrash e, inovadora como era, até mesmo do Prog. O guitarrista era um garoto prodígio, e os vocais de Warrel Dane absolutamente únicos em todo o estilo!


A partir do moderno e pesadíssimo "Dead Heart In A Dead World" (de 2000, disco de precursores ótimos e sucessores brilhantes) foi o Nevermore quem ditou as regras no Heavy Metal mundial. Difícil dizer até quando isso durou, a cena se manteve agitada depois desse marco (e, em muito, POR CAUSA desse marco).

Ousados demais para serem "apenas" Heavy Metal. Complexos demais para serem "apenas" Thrash. Pesados demais para seu lado moderno ser "condenado" pelos mais radicais. Inovadores e sofisticados para um estilo que carecia de uma referência, num momento crítico.


Esta nova década chega tenebrosa, não pela cena em si - em constante e salutar renovação, - mas pelo destino da banda aqui tratada, que atualmente não está mais ativa. Claro que sempre torcemos para que isso mude, pois sempre há espaço na música para quem está disposto a dar um passo à frente. E foi o que o Nevermore fez a cada lançamento de sua carreira!


Que venha a fazê-lo novamente!






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