Gosto muito das possibilidades do, até certo ponto nebuloso, estilo conhecido como stoner. Estilo que muitas vezes puxa para o doom, se mais sombrio e arrastado... mas cuja contundência, ou "crueza" do peso pode torná-lo sludge, e com algumas viagens mais para o blues, o psicodélico, ou com estruturas pouco usuais, pode mesmo flertar com o progressivo.
Fato é que cada subestilo citado, nessas tênues fronteiras que os separam, revelou nomes e discos históricos para o âmbito da música pesada. Já tratei aqui, por exemplo, da mirabolante proposta do Cathedral, ao longo de uma vitoriosa e exímia carreira. Ou o que dizer do insano e referencial MELVINS? Ou de trabalhos do mais visceral underground metálico, desde o clássico "Blues For The Red Sun" do KYUSS (em sonoridade hoje retomada por bandas como o GHOST, por exemplo), até bandas do porte de Eyehategod, Crowbar, Trouble ou Candlemass. Em última análise, como é óbvio, bateremos lá onde tudo começou, o BLACK SABBATH.
O estilo (ou estiloS), logo, é rico, variado e de possibilidades diversas. Sim, corre-se o risco, como de fato OCORRE, de se tornar saturado pelo excesso de bandas recorrendo a fórmulas batidas, soando muito parecidas, tirando o charme potencial e criativo do segmento. Mas não é disso que trataremos aqui.
Falaremos, finalmente, de uma das bandas que mais vêm acertando a mão, ultrapassando os limites aqui tratados, e se tornando uma jovem e autêntica referência INOVADORA para o Heavy Metal de um modo geral: o excelente HAMMERS OF MISFORTUNE.
Toda a introdução se deve, em especial, ao bom início de carreira desses norte-americanos. Os recomendáveis "The August Engine" (2003) e "The Locust Years" (2006), ou mesmo o debut "The Bastard" (2001), já davam o cartão de visitas dos americanos: um heavy potente, 'gordo', numa linha que já flertava muito com o progressivo.
Para este blog, no entanto, foi no ousado disco duplo "Fields / Church of Broken Glass" (2008) que o grupo atingiu certo nível de excelência. Mais uma vez com a aura eminentemente PROGRESSIVA em destaque, sem deixar de lado dois elementos essenciais: de um lado, aquela "gordura", aquele PESO típicos do estilo; do outro, as MELODIAS em primeiro plano, resultando em composições bombásticas.
Não foi surpresa, portanto, a evolução da banda para o magnífico "17th Street" (2011), onde se mostraram mais maduros, mais soltos (jogos vocais até com uma interessante proposta teatral), finalmente com uma produção mais acertada, e o melhor, que sempre aqui destacamos: a necessidade de pensar um passo à frente, de serem ORIGINAIS!
Fica proposto, entretanto, novo desafio para estes americanos: superar "17th Street". Fugir de fórmulas e comodismos, e se arriscar cada vez mais com o talento e a veia inovadora sempre presentes na hora de compor, para que possam ocupar a linha de frente do heavy moderno e conquistar o destaque que ainda lhes é (injustamente) negado!
http://hammersofmisfortune.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Hammers_of_Misfortune
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