Toda uma pompa sonora, espécie de marca registrada dos alemães do BLIND GUARDIAN, pode consistir tanto no maior trunfo, como ao mesmo tempo no ponto fraco deste grande grupo metálico.
Explica-se: foi o Blind Guardian que, por meio de bombásticas e até complexas produções e arranjos de suas composições, teve êxito em juntar uma enorme e fiel legião de fãs no âmbito da música pesada e melódica. Ao mesmo tempo, criou-se uma imagem (ora justa, ora apenas preconceituosa), que afasta muitos do som da banda, por tê-la como um grande exagero daquilo que se definiu como um sem graça - e já batido hoje em dia - "power metal melódico".
A meu ver, e como aqui falamos de diversos estilos sem maiores preconceitos, há de se fazer JUSTIÇA ao dividir o histórico do grupo em 3 partes mais ou menos definidas. A fase que vai de seu debut "Batallions Of Fear" (e veja o ano: 1988!), até os festejados "Tales From The Twilight World" (1990) e "Somewhere Far Beyond" (1992), mostram um BG calcado essencialmente num heavy tradicional, já puxado para o lado épico do que se chamou de "power metal". Para um som personalizado, em muito ajudou a característica voz rouca e rasgada do excelente Hansi Kürsch.
Após, o que chamaremos da grande trinca vitoriosa dos alemães, com três clássicos absolutos do estilo, consistindo no auge CRIATIVO do grupo: "Imaginations From The Other Side" (1995), "Nightfall In Middle-Earth" (1998) e "A Night At The Opera" (2002).
Por fim, após mudança na formação (cuja estabilidade era um dos pontos fortes da banda), e certa estagnação produtiva, apenas 2 lançamentos nos últimos 10 anos - e que não vieram mostrar nada de novo. Os sets ainda se baseiam nos clássicos da relativamente recente fase áurea, e as novas composições são perdidas, soam datadas e sem o glamour de outrora.
Logo, feitas as justas críticas, mas também os justos reconhecimentos, o desafio seguinte é escolher um disco para chamar "do coração". Para quem viveu a época, e soube observar as inovações e contribuições do BG ao estilo, fica muito difícil apontar um álbum mais importante. Sem dúvida "Imaginations..." (1996) é dos preferidos, pois reúne ainda um lado mais cru e coeso ao lado épico, não saturando tanto nas melodias.
Mas é "Nightfall In Middle-Earth", o meio-termo até o surreal disco seguinte, que leva nosso título. Abre com a até hoje destaque nas apresentações do grupo, "Into The Storm", e a partir desta faixas todas as demais vão ganhando em refinamento, em memoráveis jogos vocais e coros, cativando mais e mais até a deliciosa e pouco lembrada "A Dark Passage", a seu final.
Claro que vai de cada um saber o quão marcante (ou não) foi o som do BG para si e (certamente) para o Heavy Metal. Mas cabe saber se render ao som do grupo quando fizeram por merecer, assim como cabem as críticas após certa acomodação num heavy já sem atrativos há algum tempo...
Blind Guardian - Nightfall In Middle-Earth (1998)
http://www.blind-guardian.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/Blind_Guardian
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