2023 se aproxima do fim e as grandes obras do ano já se acumulam:
BLACK COUNTRY NEW ROAD
Exaltamos o primeiro disco do grupo por aqui, e a sensação continuou no segundo álbum, o elogiadíssimo "Ants From Up There", quase uma unanimidade no topo de listas do ano de 2022.
Após o baque de uma precoce mudança de formação, com a saída do vocalista Isaac Wood ainda em 2022, o grupo foi ousado e ambicioso em simplesmente aproveitar e lançar em 2023 um disco que, embora gravado ao vivo, é totalmente constituído de canções inéditas.
Vale a experiência de assistir a banda no palco, que revesa agora os vocais entre Tyler Hyde, Lewis Evans e May Kershaw de maneira muito dinâmica, cativando tanto quanto em estúdio. Isso explica como as canções, mesmo inéditas, funcionam tão bem. Um dos grandes nomes do rock moderno, já podemos dizer que totalmente consolidados:
Black Country, New Road - "Live At Bush Hall" (2023)
JOHN ZORN
Uma das maiores referências do blog, acaba de completar 70 anos e segue ativo, ultraprodutivo, com a habitual alta quantidade de discos e projetos lançados anualmente. O destaque vai, desta feita, para o vitorioso quarteto que já se apresentava ao vivo antes da pandemia, contituindo a New Masada, e que já havia lançado o disco de estreia em 2021. Em 2023, temos o segundo volume desta obra obrigatória, com Julian Lage (guitarra), Jorge Roeder (baixo) e Kenny Wollesen (bateria):
John Zorn - "New Masada Quartet Vol. 2" (2023)
SIGHTLESS PIT
O projeto de Lee Buford (The Body) e Dylan Walker (Full Of Hell) havia debutado em 2020 com grande disco, contando com toda a aura experimental de Kristin Hayter como então real membro do grupo.
Kristin (que já citamos este ano por aqui), porém, saiu do grupo e encerrou seu próprio projeto principal, o Lingua Ignota, sendo que passará a atender por Reverend Kristin Michael Hayter, com disco prometido ainda para este ano de 2023.
Nisso, restou à dupla substituir uma figura tão única com uma reunião bombática de convidados, do porte de Claire Rousay, Yokota Yoshimi (Boredoms, OOIOO), Midwife (Madeline Johnston), Lane Shi Otayonii (Otay:Onii, Elizabeth Colour Wheel), Frukwan (Stetsasonic, Gravediggaz), Iphigenia Douleur (Foie Gras), além do parceiro de Full Of Hell, Spencer Hazard (que atende por Industrial Hazard, também do Eye Flys e Sore Dream).
O disco pode surpreender os fãs do primeiro capítulo, já que agora mais pesado e investindo num dub frenético, transgressor, e aproveitando bem a diversidade de participações. Fator triste e inusitado, porém, é que o disco conta também com a rapper Gangsta Boo, do clássico Three 6 Mafia, que faleceu precocemente neste ano, pouco antes do lançamento do álbum:
Sightless Pit - "Lockstep Bloodwar" (2023)
TEST
Aqui uma honrosa menção ao duo brasileiro Test, formado por João Kombi (ex-Are You God?) e o exímio baterista Thiago Barata (D.E.R., ex-Sick Terror, Barriga De Verme). A dica já havia sido dada no excelente e pouco falado disco anterior, "O Jogo Humano" (2019), mas agora podemos dizer que de vez adentraram seu então death/grindcore num som insano, tipicamente experimental, de um álbum soberbo - levando o sugestivo nome de "normal", remetendo aos próprios lugares "normais" em que o disco foi gravado, o que resultou inclusive num documentário.
João e Barata são conhecidos da cena, não apenas pelos grupos que passaram, mas pela história incansável do próprio Test, uma verdadeira "marca" independente e sinônima de garra. Um grupo que se apresenta de diversas formas, em qualquer estado ou país, em qualquer local (literalmente, em qualquer local!), sozinhos, em aberturas ou colaborações diversas, a qualquer momento, improvisando e fritando sempre de maneira alucinante.
Com produção de James Plotkin e participação de nomes como Igor Cavalera, Jonnata Doll, Mariano Sarine (Deaf Kids) e Dylan Walker (citado logo acima, Full Of Hell, Sightless Pit):
TEST - "Disco Normal" (2023)
YAKUZA
O grupo do genial Bruce Lamont não está na linha de frente do heavy metal mundial, mas é de seus nomes mais instigantes e inovadores. Além disso, a tríade que foi de "Way Of The Dead" (disco incrível de 2002, contando até mesmo com Ken Vandermark) até "Transmutations" (2007), passando pelo nosso favorito da casa "Samsara" (2006), ficou há muito para trás... sendo que a banda esteve sem lançar um disco completo desde "Beyul" em 2012.
A espera, porém, se encerra em grande estilo:
Yakuza - "Sutra" (2023)
YO LA TENGO
Talvez a dica mais surpreendente desta leva, pois apesar do carinho pelo grupo noventista de Ira Kaplan e Georgia Hubley, não se esperava a esta altura o destaque para o grupo.
Vale ainda dizer que o EP "We Have Amnesia Sometimes" (2020), assim como a parceria com o também instigante Bardo Pond em "Parallelogram" (2015), já mostravam, mesmo hoje, um grupo pouco propenso a se acomodar.
Mas neste full length, voltamos a dar de cara com a essência clássica da banda, mas também com o lado experimental e visceral equilibrando muito bem, no que já podemos apontar como uma das grandes obras do ano.
E com uma faixa-título primorosa, além do título em si, necessário para nossos tempos:
Yo La Tengo - "This Stupid World" (2023)
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