Conforme já dissemos quando tratamos da carreira de Andre Matos, a obra "Holy Land" de 1996 é provavelmente o que houve de mais belo, delicado e criativo em termos de junção entre a música brasileira e o Heavy Metal de um modo geral.
Território este que foi pouco explorado. Sim, todos se lembrarão do SEPULTURA, que fez algo semelhante em toda sua carreira, com ápice no clássico "Roots" (também de 1996) - embora, obviamente, de modo muito mais agressivo, se valendo de todo o groove brasileiro. Mas se pensarmos que em terras tão vastas, tão poucas bandas/obras se destacaram nessa seara, é um tanto decepcionante.
Fato é, no entanto, que quem se destacou, se destacou com louvor, emplacando o SEPULTURA na vanguarda do heavy/thrash, de reconhecimento mundial; e o próprio ANGRA na vanguarda do power/prog.
Outras bandas vieram a tentar tal fórmula, mas a verdade é que ao se explorar as raízes étnicas e sonoras de um país ou região, ainda mais se for a da região em que se vive, deve-se fazer com perspicácia, inteligência, sofisticação. Caso contrário, teremos uma junção forçada, artificial, o que definitivamente NÃO se quer. Não é o caso, obviamente, da suavidade e diversificação do disco aqui tratado...
"Holy Land" segue o flerte constante com a música clássica, marca da banda desde o debut "Angel's Cry" de 1993. Porém, desde a levada alucinante de "Nothing To Say", o tributo ao berimbau em "Holy Land", a percussão apoteótica de "Carolina IV" ou a selvagem "The Shaman", notamos aos poucos as inserções próprias daquela terra a ser descoberta, ao longo de toda uma obra conceitual e muito dinâmica.
O auge do tributo chega na épica e já referida "Carolina IV", que ainda inclui, ao longo de seus mais de dez minutos, uma passagem de "Bebê", antológica composição do mestre Hermeto Pascoal - referência absoluta deste blog, e da música brasileira e internacional, quando o assunto é INOVAÇÃO! Nada poderia ser mais propício.
O Brasil deveria fazer mais justiça ao prodígio Andre Matos e a um disco tão perfeito. Talvez, se não fosse cantado em inglês (e não se sugere que tivessem tomado outro caminho, a obra já é perfeita como é!), constasse mais das listas de maiores discos brasileiros de todos os tempos. Uma pena.
Fica nosso registro:
Angra - "Holy Land" (1996)
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