sábado, 19 de setembro de 2020

SPECIAL: DÉCADAS DE 80 / 90 (1979-1999)





Após fazer o especial com a timeline do chamado "rock'n roll" como o conhecemos e tratamos (anos 60 e anos 70), havíamos traçado um limite que se iniciou mais ou menos no ano de 1962. Conforme ali dissemos, não adentrando a fundamental e riquíssima origem negra do rock, advinda do blues, do soul e do jazz - muito embora tenhamos citado os principais lançamentos de ambos os estilos e dos braços que se esticaram pelo funk, pelo reggae, pela música experimental, etc - e nem mesmo Elvis Presley foi devidamente mencionado.


1962/1963 pareceu traçar uma linha fundamental pelo surgimento e lançamento de 3 artistas basilares: Bob Dylan, Beach Boys e Beatles. Dali para frente tudo foi história no rock do modo como o conhecemos e estruturamos hoje.


Já o limite "final" daquela matéria se deu em 1978. E aqui alguma aleatoriedade nos tomou conta, pois praticamente anexamos 1979 à década de 80. Explicamos: o aparecimento de nomes como Alan Parsons, Blondie, The Cars, The Clash, The Damned, Dead Boys, Devo, Duncan Mackay, The Fall, Gang Of Four, Gary Numan, Japan, Joy Division, Midnight Oil, Pere Ubu, Public Image Ltd., Ramones, R. Stevie Moore, Siouxsie & The Banshees, The Specials, Suicide, Talking Heads, Television, XTC... traziam uma verdadeira revolução para a segunda metade da década de 70, que já formava a essência do que seria uma new wave tipicamente oitentistas.




Além disso, o direcionamento na carreira de nomes como Queen, o ex-Velvet Underground Lou Reed, o ex-Stooges Iggy Pop e o camaleão Bowie davam a dica, passando pelo legado glam trazido por grupos como T-Rex e New York Dolls, além da sofisticação prog rock que flertava com o pop/radiofônico (desde Journey, Styx, Kansas, até mesmo o Rush), e que ora ganhava um corpo tipicamente heavy/hard com AC/DC, Aerosmith, Alice Cooper, Kiss, Van Halen, Whitesnake, The Who...




Não vamos ignorar que, paralelamente, nomes ultraprodutivos e criativos se lançavam cada vez mais com obras instigantes, tais como Brian Eno, Bryan Ferry e Phil Manzanera (Roxy Music), Peter Gabriel (Genesis), Kevin Ayers, Robert Wyatt e Allan Holdsworth (Soft Machine), Peter Hammill (Van Der Graaf Generator), Joe Zawinul e Jaco Pastorius (Weather Report), Bill Bruford (Yes, King Crimson, Genesis), Dave Greenslade (Colosseum), Billy Cobham (Mahavishnu Orchestra), Al Di Meola e Lenny White (Return To Forever), Pat Metheny, Todd Rundgren, dentre tantos.


Novas bandas e projetos nasceriam, novos grupos recorreriam à vanguarda para a produção de seus álbuns, novos estilos surgiriam de experimentos e uniões:




DO CLASSIC AO HARD/GLAM

Aqui, clássicos já citados como AC/DC, Aerosmith, Alice Cooper, Deep Purple, Kiss, Scorpions, Thin Lizzy, Van Halen, Whitesnake e Who encontraram uma nova definição do que seria o hard oitentista, que conheceria grupos como Bon Jovi, Cinderella, Dokken, Guns'N Roses, Mötley Crüe, Mr. Big, Nazareth, Poison, Ratt, Skid Row, Twisted Sister, Winger... e bandas como Def Leppard, Rainbow e UFO na ponte entre o classic hard rock e a NWOBHM.







MELODIC ROCK / AOR

Alguns dos grupos acima mencionados tiveram álbuns ou composições muito ligadas a este outro jeito de fazer rock. Aqui, ganham frente Asia, Boston, City Boy, Journey, Europe, Foreigner, Kansas, REO Speedwagon, Survivor, STYX e Toto. Bandas tipicamente do hard (vistas acima) e do prog rock também se enveredaram pelo estilo, como os gigantes Genesis, Marillion e Rush - mesmo o Pink Floyd e a carreira de alguns de seus integrantes não podem ser ignoradas.

O classic rock de bandas/artistas como Alan Parsons, Autograph, Bruce Springsteen, Elvis Costello, Heart, Magnum, Meat Loaf, Peter Frampton, Robin Trower, Rod Stewart, Saga ou Tom Petty facilmente se encaixam por igual no estilo.







DO ART ROCK / POWER POP AO INDIE

Se o assunto é a grandiloquência radiofônica do rock a serviço do pop da época, temos que eleger aqui alguns suprassumos deste âmbito: a dupla David Bowie e Iggy Pop, os ícones Dylan, McCartney e Stones, o fenômeno sueco ABBA, o fenômeno punk Ramones, a sofisticação de Kate Bush, Lou Reed, Patti Smith, Paul Simon, Peter Gabriel, The Police, Leonard Cohen, Roxy Music, Scott Walker, Talking Heads, Tom Waits ou Yoko Ono.

Dois gigantes ainda surgiriam, o Michael Jackson após "Off The Wall" (1979) e a diva Madonna, respectivamente rei e rainha do chamado "pop". Nisso, também A-Ha, Duran Duran, Laurie Anderson, Nick Cave, Prince, Suzanna Vega, Tears For Fears e U2 se destacaram, ao encontro da new wave, do synth pop ou de experimentalismos em diversos estilos.

A partir do fim dos anos 80, toda a sofisticação mencionada influencia diretamente artistas como Blur, Dave Matthews Band, Fiona Apple, Kyuss, Nine Inch Nails, Oasis, PJ Harvey, Placebo, Radiohead, REM, Smashing Pumpkins, Sonic Youth, rumo a novos caminhos independentes (e aqui podemos incluir outro braço tipicamente alternativo, criativo e influente que gerou nomes como MBV, Jesus And Mary Chain, Pavement, Pixies, Primal Scream, Pulp, Ride, Slint, Slowdive, etc).







NEW WAVE / SYNTH / GOTH ROCK / POST PUNK

Aqui a seara é bem mais soturna e intimista. Os graves e sintetizadores tomam vida e nascem nos anos 80 Bauhaus, Christian Death, Cocteau Twins, The Cure, Dead Can Dance, Depeche Mode, Japan, Joy Division, New Order, Siouxsie & The Banshees, The Sisters Of Mercy, The Smiths, até o The Cult na verve mais classic rock e os já citados A-Ha, Duran Duran, TFF e U2 na verve mais pop.

O terreno aqui poderia se tornar mais fértil ao som ambiente, ao etéreo, ao post punk, ao folk ou à mais visceral sonoridade industrial, conforme veremos.







HEAVY METAL

O heavy mais clássico, conforme o conhecemos, advém do classic/hard rock e se formou por meio de muitos dos artistas citados já acima, mas sempre com respeito à tríade Black Sabbath, Iron Maiden e Judas Priest. Do Sabbath, não podemos ignorar as icônicas e influentes carreiras solo de Ozzy Osbourne e Dio. O Motörhead e o Mercyful Fate (inclusa a carreira solo de King Diamond) também costumam se somar neste pódio.

A frente alemã é igualmente forte e nos trouxe Running Wild, Grave Digger, Rage e sua banda mais clássica, o Accept de UDO Dirkschneider. O braço americano trouxe Manowar, Virgin Steele, e mais recentemente o Iced Earth. Yngwie Malmsteen é o virtuoso guitarrista sueco, ex-Alcatrazz e muito ligado ao hard, mas também ao metal neoclássico.

De volta ao Reino Unido, o Saxon é outro produto referencial da NWOBHM (tantos outros ainda citaremos), assim como, bem mais macabro e dando uma espécie de pontapé inicial a formas mais extrema, nasce o Venom.







THRASH / SPEED

A barreira entre o heavy tradicional, pendendo ao power/speed e ao que seria o thrash, já enfrentamos por aqui. Mas no estilo como o conhecemos mais tradicionalmente, sempre nos remetemos ao Big 4 americano de Metallica, Megadeth, Slayer e Anthrax, coadjuvados por nomes tão fortes quanto, como Exodus, Testament e Overkill. O Pantera deu o passo em direção ao que seria o groove/alt metal. Assim como os brasileiros do Sepultura correram por fora (e após o projeto Soulfly, de Max Cavalera).

Também não pode ser esquecida a tríade alemã com Kreator, Destruction e Sodom, assim como o canadense Annihilator, de Jeff Waters. Nevermore, Machine Head, Meshuggah, dentre outros, veremos a seguir.







POWER / MELODIC

Aquela forma clássica de se encarar o heavy mais tradicional teve um capítulo muito próprio, que não enveredou propriamente ao speed/thrash, e ainda era um passo anterior ao que seria o "prog". Adeptos do estilo sinfônico, ora neoclássico, saturado em melodia, vieram nomes como Helloween, Gamma Ray, Blind Guardian, Edguy, Hammerfall, Nightwish, Rhapsody e Stratovarius. Todos essenciais ao longo do fim dos anos 80 até a virada do milênio.







PROG METAL

Aqui entramos em uma das áreas favoritas do blog, vez que muitos grupos diversificaram sua sonoridade no final dos anos 80, vindos tanto da escola do prog rock clássico como do heavy que se estabelecia. Mais técnicos, mais teatrais, investindo em conceitos e nas múltiplas influências que batiam até mesmo no jazz fusion, temos a vanguarda progressiva de Dream Theater, Fates Warning, King's X, Queensrÿche, Savatage, Crimson Glory e Watchtower, indo até o brasileiro Angra, o megaprojeto Ayreon de Arjen Lucassen, e nomes como ARK, Conception, Evergrey, Kamelot, Pain Of Salvation, Porcupine Tree (de ninguém menos que Steven Wilson), Royal Hunt, Threshold e Symphony X.







GOTHIC METAL

Abriremos essa categoria, pois novamente é um subestilo muito próprio criado a partir tanto do metal sinfônico, ora quase extremo, mas também advindo da darkwave oitentista. Aqui temos o referencial Candlemass (e todo o braço que deu origem ao doom, stoner, sludge, cuja sobras citaremos), a tríade inglesa Anathema, Paradise Lost e My Dying Bride, além de The 3rd And The Mortal (da vocalista Kari Rueslatten), Amorphis, Atrocity, The Gathering (de Anneke Van Giersbergen), Katatonia, Lacrimosa (de Tilo Wolff), Moonspell, Theatre Of Tragedy (de Liv Kristine), Therion (de Christofer Johnsson), Tiamat, Tristania, Type O'Negative, dentre muitos que trataremos.







90's HARD / GRUNGE / ALT / NU

O que seria o classic ou hard rock nos anos 90, que tradicionalmente colocamos em oposição ao "hair metal" (ou que ficou calcado como hard/glam, que já mencionamos acima), se desenvolveu em muito por meio do chamado "grunge" - esse garage rock que explodiu pelo quarteto Nirvana, Pearl Jam, Alice In Chains e Soundgarden (com honorável menção ao Screaming Trees, de Mark Lanegan, assim como Stone Temple Pilots, Mudhoney e até o experimental Melvins também dão as caras). O Foo Fighters seria um derivado na segunda metade da década, já fora do estilo, mas muito centrado na carismática figura de Dave Grohl.

Alternativamente, mais ousados e criativos, Extreme e Living Colour traziam algo do hard oitentista, o Faith No More explodia a partir da entrada de Mike Patton (ex-Mr. Bungle), e emergiam ainda Red Hot Chili Peppers, Rage Against The Machine, Jane's Addiction, Primus e Tool. Para a segunda metade dos anos 90, Deftones, Korn, Machine Head, Slipknot e System Of A Down (e aqui descontando artistas mais tipicamente de um rock industrial como Marilyn Manson, Ministry, NIN, Rammstein ou Rob Zombie) moldariam uma cena muito específica do assim chamado "nu metal" - à época tido como polêmico, mas com grupos que se tornaram bem mais que isso.







AVANT GARDE

Falaremos aqui muito mais do heavy metal de vanguarda, mas citaremos obras de toda a cena no wave, drone, ambient, experimental, free jazz nas próximas postagens.

No âmbito heavy, mencionamos o Mr. Bungle de Mike Patton (de Fantômas, Tomahawk, sua aproximação de John Zorn e tantos outros projetos), acima, e toda aquela essencial cena americana que tinha o Faxed Head, desaguaria em grupos como o Secret Chiefs 3 e se ramificaria por nomes como Trey Spruance, Shahzad Ismaily, Trevor Dunn, Marc Ribot, Carla Kihlstedt, Eyvind Kang, Nils Frykdahl, Moe! Staiano, Gregg Turkington, Timb Harris, Toby Driver, Ches Smith, dentre tantos.

Para além deles, dentre os mais extremos, megalomaníacos e/ou ultra técnicos, tivemos Alboth!, Atheist, Cathedral, Cynic, Death, The Dillinger Escape Plan, Edge Of Sanity, Godflesh, Gorguts, Meshuggah, Neurosis, Opeth, Strapping Young Lad (do genial Devin Townsend, ex-Steve Vai), Swans, Ulver, e os já citados Tool e A Perfect Circle.

Poderíamos citar muitos artistas advindos do que seria o black metal, aqui não enfrentado, como Arcturus, Bathory, Celtic Frost, Emperor, OLD, Sigh, ou por exemplo Coroner, Nevermore e Voïvod, grupos advindos do thrash.






No próximo post, não trataremos dos grupos aqui relacionados, mas iremos além deles, numa grande lista de referências diversas do que foram os anos 80 e 90...


ver continuação



Nenhum comentário:

Postar um comentário